Assumir com a luta e com o voto um inequívoco <i>Basta!</i>
A generalidade dos(as) portugueses(as) está profundamente preocupada com a sua situação e inquieta com o sentido negativo do rumo das suas vidas e do País. Ampliam-se os sentimentos de perplexidade, de indignação e de revolta perante os efeitos devastadores das medidas de austeridade que têm vindo a ser impostas por via dos orçamentos do Estado de 2010 e de 2011 e dos diversos PEC que lhes estão associados.
Quem tem votado PS, PSD e CDS tem razões para se sentir traído
Ao mesmo tempo, cresce a consciência de que os problemas se agravam numa espiral determinada pela crescente promiscuidade entre o poder económico e o poder político, pela subjugação dos «mais pequenos» aos mais poderosos, num círculo que se fecha sempre no sentido de impor mais sacrifícios a quem trabalha, de retirar dignidade e direitos a quem se reforma após uma vida de trabalho, de hipotecar a vida e os sonhos das novas gerações. E não é para menos. A redução dos rendimentos do trabalho e do valor das reformas, o elevado desemprego, a precariedade laboral, os cortes nos apoios e prestações sociais estão a ter impactos devastadores na vida da maioria da população.
Ampliam-se as dificuldades das famílias das classes trabalhadoras para responder às necessidades do dia-a-dia, um quadro especialmente agravado se no seu seio existirem situações de idosos dependentes, ou crianças e jovens com necessidades especiais. A pobreza aumenta afectando novos segmentos da população, com recurso crescente à ajuda de familiares, amigos e instituições (fornecimento de bens alimentares, refeições, roupa, livros escolares, etc.).
Afinal, as medidas de austeridade impostas a uma «velocidade de cruzeiro», não obstante terem sido justificadas pelos seus mentores e executores (Governo PS, PSD e CDS) como a solução para enfrentar os graves problemas do País, não vieram melhorar coisíssima nenhuma. Pelo contrário, agravaram os problemas nacionais, porque se subordinam aos interesses do grande capital e ao directório de potências que determinam as orientações da União Europeia.
Como agir face a esta situação? Aqueles(as) que não se resignam e intervêm em organizações sindicais e sociais que representam e defendem os seus direitos, dão sentido e eficácia à sua indignação e revolta e força à dimensão das lutas. Lutas que concorrem de forma decisiva para alargar a consciência de quais as causas e quem são os responsáveis e tornar mais claro o caminho a seguir para se encontrar a solução.
Aqueles(as) que afirmam que não há nada a fazer, argumentando que os partidos são «todos iguais» e que todos «querem poleiro», são prisioneiros das «amarras» que diariamente lhe são impostas pelas mais diversas formas pelas classes dominantes. Quem assim pensa e age abdica de intervir e comete um grave erro de avaliação.
O certo é que as posições políticas e as propostas dos diversos partidos para a sociedade e as suas posições nas instituições reflectem os interesses de classe que representam. E este facto determina que muitos(as) eleitores(as) que têm dado o seu voto, ao longo dos anos, aos partidos que têm assumido responsabilidades governativas (PS, PSD e CDS) se sintam traídos e desiludidos, porque as promessas eleitorais não têm correspondência com a prática política. Tal facto não legitima que se transfira este sentimento penalizando, injusta e indevidamente, forças políticas como o PCP, que tem um património de proposta e de luta indesmentíveis, a força política que a direita mais teme por ser uma força que não trai nem abdica das suas razões de luta.
Escolher o lado certo
A convocação de eleições legislativas antecipadas, tendo como origem o pedido de demissão do Governo PS/Sócrates, a pretexto da rejeição do PEC4, não pode deixar de representar uma oportunidade e uma responsabilidade de cada um(a) de fazer escolhas que permitam tornar útil e eficaz a sua indignação e revolta, canalizando-as de acordo com os seus interesses e direitos. É preciso optar pelo lado certo!
Para os grandes grupos económicos e financeiros, para as instâncias do capitalismo europeu e mundial seria benéfico que os portugueses(as) caíssem no «rolo compressor» das soluções políticas que, a pretexto da redução do défice das contas públicas, imponham novas medidas de austeridade. Se os portugueses pactuarem com as tentativas do PS, PSD e CDS de se desresponsabilizarem pelas políticas que implementaram ao longo dos anos; se confiaram nas estratégias que estes vão urdindo de supostas diferenças em torno da rejeição do PEC4 – tal atitude só permitirá o prosseguimento da política de direita. Quem cair nesta armadilha estará do lado errado daquele que defende os seus direitos!
Nas próximas eleições legislativas é necessário canalizar o descontentamento e a indignação para afirmar com o seu voto um inequívoco Basta!. O apoio ao PCP e à CDU dará mais força a um caminho de luta que exprima, também pelo voto, a exigência de uma mudança profunda na vida nacional: libertar Portugal da política de direita e construir de forma empenha os caminhos que dêem corpo a uma política patriótica e de esquerda que enfrente os diversos défices estruturais, aposte no desenvolvimento económico e social e na soberania nacional.